A DESUMANIDADE FEITA ESPETÁCULO: ABUSO, MORTE E PUNIÇÃO EM THE MYSTERIES OF LONDON
Resumo
Este artigo analisa algumas representações de desumanidade presentes em The Mysteries of London (1844-1848), romance escrito por G. W. M. Reynolds. Nele, Londres é um lugar onde riqueza e pobreza coabitam de maneira caótica: enquanto poucas pessoas vivem no luxo em bairros nobres, muitas vivem na miséria nas favelas, e elas se cruzam e se esbarram na metrópole. Além disso, riqueza e pobreza engendram conflitos morais que corrompem a sociedade, fazendo com que ela acoberte toda sorte de mistérios e mazelas através de atividades escusas. Embora o crime e a depravação se encontrem em todo lugar, é sobretudo nos recantos mais pobres da cidade que eles se mostram mais fortes e ensejam os atos mais repulsivos e desumanos. Desse modo, o romance retrata o submundo londrino em seu aspecto mais cruel e primitivo. A análise se concentra em três episódios específicos da narrativa: o primeiro envolve os pais de duas crianças planejando cegar a filha mais nova para que ela consiga mais esmola; o segundo mostra um grupo de criminosos preparando um cadáver para ser vendido; o terceiro, por fim, traz o enterro de uma mulher viva. Apesar de parecer despropositado, o mau gosto exagerado que caracteriza esses atos serve não só como veículo do melodrama e do sensacionalismo, mas também como um gatilho para o horror. Essas representações de desumanidade, portanto, se apresentam como espetáculos à parte e marcam o apelo gótico do romance.
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