MANOEL DE BARROS: PEREGRINAÇÃO DA POESIA POR UM CONHECIMENTO NATURAL

Elisa Duque Neves dos Santos

Resumo


Este artigo é fruto da dissertação defendida em abril de 2015 e que tem como tema os desdobramentos de uma poética que peregrina por um conhecimento natural e a repercussão mística dessa proposta de aprendizagem de comunhão eco-lógica. A poesia de Manoel de Barros peregrina pelos campos da palavra, da imagem, da memória e do Ser buscando um Conhecimento Natural, o qual ecoa na proposta de comunhão mística, que se dá na anulação das hierarquias entre os seres e seus modos de associação. Assim, propôs-se pensar nos procedimentos de comunhão, como a incorporação, a transubstanciação, a fusão e suas implicações na poesia de Manoel de Barros. Esta pesquisa investiga, sobretudo, a sobrevivência de um vínculo de encantamento, que faz fronteira com o sagrado, em íntima troca com a natureza. Essa comunhão se dá por um comum-pertencer, pela associação e anulação de hierarquias entre natureza, linguagem, sujeito. Guiada pela leitura da Poesia Completa de Manoel de Barros e de suas outras obras e entrevistas − em especial, a da “Coleção Encontros” parto da leitura crítica de mãos dadas com escritos teóricos que permitem problematizar a prática desse poeta. O objetivo é perguntar se, por meio de um Conhecimento Natural determinado por uma lógica-eco, a poesia de Manoel de Barros tem uma proposta de religação de potência sagrada do homem ao mundo. O sagrado, de acordo com Bataille, é o que nos coloca diante de uma continuidade imanente.

Palavras-chave: Manoel de Barros, literatura e mística, sagrado e profano, erotismo e poesia, conhecimento natural.

 


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