“PORQUE SÓ HÁ UMA RAÇA, A RAÇA HUMANA, E ACABOU”

Mariana Aparecida de Carvalho

Resumo


O quase fim do mundo (2008) pode ser lido como um romance distópico, em que há uma projeção pessimista sobre o destino da humanidade em um futuro próximo, marcado pela quase extinção da raça humana. Através da ficção, o autor angolano Pepetela nos apresenta uma discussão acerca da sociedade africana atual, mostrando como determinadas escolhas podem influenciar na vida de todos e como, apesar das mudanças e das conquistas alcançadas, determinadas estruturas se repetem, mudando-se apenas os sujeitos sociais que as operam. Inocência Mata, em “A crítica literária africana e a teoria pós-colonial: um modismo ou uma exigência?” (2008), ressalta que apenas por vias literárias determinados anseios e pensamentos poderiam ser evidenciados, se tomarmos como exemplo os países africanos de colonização portuguesa. De acordo com a estudiosa, “o autor psicografa os anseios e demônios de sua época, dando voz àqueles que se colocam, ou são colocados, à margem da ‘voz oficial’: daí poder pensar-se que o indizível de uma época só encontra lugar na literatura” (MATA, 2008, p. 20). Desse modo, torna-se pertinente analisarmos o romance O quase fim do mundo, em que encontramos muitos destes anseios e demônios, tomando como ponto de partida para a análise proposta o modo como os personagens são representados e como assumem voz dentro da obra, tendo como base fatores levantados na narrativa que girem em torno da questão racial, temática de grande relevância nas literaturas africanas de língua portuguesa.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura angolana, distopia, raça, crítica.


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