ENQUANTO ISSO, NO PAÍS DO CARNAVAL...: UMA ANÁLISE SEMIOLINGUÍSTICA DO SENSACIONAL SENSACIONALISTA

Camilla Ramalho Duarte

Resumo


O presente trabalho tem como objetivo analisar uma notícia do jornal virtual Sensacionalista, intitulada Próximo enredo da Beija-Flor vai homenagear o Estado Islâmico, tendo como ancoragem teórica a Análise Semiolinguística do Discurso, cunhada por Patrick Charaudeau, no que tange a alguns conceitos trazidos pelo autor: o de sujeitos do ato de linguagem e de suas respectivas identidades, o de Contrato de Comunicação e o de Processo de Semiotização do Mundo. Essa ancoragem teórica parece ser relevante a partir do momento em que o Jornal Sensacionalista se autointitula isento de verdade, mas se utiliza de estratégias linguístico-discursivas que o fazem parecer isento de mentiras – como o uso do jargão jornalístico –, mostrando o quanto o status de verdade absoluta, dado aos jornais de nosso dia a dia, pode – e deve – ser questionado, gerando uma discussão bastante séria acerca do papel de um jornal. Apenas num mundo novo, criado pelo Jornal Sensacionalista, por meio de seu Processo de Semiotização, é que um jornal pode veicular notícias que sejam deliberadamente falsas, mas que pareçam verdadeiras aos olhos de um destinatário menos atento ou de um destinatário que seja assimétrico àquele idealizado pelo sujeito enunciador sensacionalista, propondo, assim, a criação de um novo Contrato de Comunicação entre esses sujeitos: a visada sensacionalista não é mais a de informação, afinal, o jornal não quer informar um fato ao seu leitor: quer fazê-lo refletir acerca de situações cotidianas, como o carnaval brasileiro, causando um efeito patêmico em seu destinatário. Portanto, essas críticas bastante contundentes feitas a uma escola de samba de maneira tão aberta só são passíveis de existir num jornal virtual que não tem compromisso com anunciantes ou com aqueles que dominam a cena política e econômica brasileira. Sua subversão, então, não está em uma tomada de posição à direita ou à esquerda, mas sim no sentido de questionar a realidade à sua volta, fazendo com que seus leitores riam e, principalmente, reflitam sobre situações que causam desconforto em nossa sociedade, como é o fato de uma escola de samba homenagear um país pobre que, há décadas, é tragado por um regime ditatorial sem precedentes.

 

PALAVRAS-CHAVE: Semiolinguística, Jornal Sensacionalista, Carnaval.


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