O CONTO ORAL E AS VOZES EM KIRIKOU ET LA SORCIÈRE, ANIMAÇÃO DE MICHEL OCELOT

Luísa Zanini Vargas

Resumo


Dentro de um contexto de criação poética em que as fronteiras midiáticas estãoem processo de estreitamento, propõe-se, neste trabalho, levantar algumas pistas que ajudem a analisar o modo como operam as vozes e a oralidade na narrativa em animação Kirikou et la Sorcière, de Michel Ocelot. São lançados assim alguns pontos desta fase inicial da pesquisade mestrado. O metteur en scène, tendo vivido parte da infância na Guiné, criou sua animação a partir de contos tradicionais do oeste africano, onde também a ambienta, num cronotopoinexato. É consenso o fato de essas culturas serem fortemente baseadas nas tradições orais e pretende-se analisar o modo como a animação, através de sua materialidade estética e do emprego das vozes, sucede na criação de uma atmosfera remetendo à cena e ao imaginário africano ocidental e global. De conto oral africano a escrito; conto reinventado por um europeu; da história escrita à adaptação em roteiro e deste ao conto audiovisual, o papel domeio poético traduz alguns desafios da nossa época e reinterpreta esta literatura ou, mais amplamente, poética humana e universal. Partindo de teorias de intermídias e sobre oralidade e cultura, bem como de teorias dos afetos é que se busca pincelar alguns aspectos relevantes nesta obra fruto de uma era multicultural e com recursos poéticos tão extensos.

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