INDEPENDÊNCIA E SUBVERSÃO DO “NOVO HOMEM” ANGOLANO: UM OLHAR SOBRE A DUPLA BIOGRAFIA DE VLADIMIRO CAPOSSO EM PREDADORES, DE PEPETELA

Mariana Sousa Dias

Resumo


O presente trabalho objetiva analisar, a partir do romance “Predadores”(2005), de Pepetela, os tensionamentos que permeiam a (des)construção de identidadespós-coloniais em Angola, fraturadas tanto pela falência dos projetos utópicosfomentados durante as lutas de libertação quanto pela ascensão de ideais capitalistas nopaís. A observação dos rumos tomados pela sociedade independente indica-nos que osprocessos de globalização e de neocolonialismo fomentam-se: o “novo homem”angolano, idealizado para promover a igualdade e a justiça na nação recém-formada,acaba por ser forjado a partir de valores opostos e rege a permanência das relaçõesassimétricas tão criticadas pelos revolucionários. A figura representativa de talsubversão é Vladimiro Caposso, rico empresário que esconde suas origens humildes einterioranas para evoluir socialmente através de fraudes, subornos e alianças escusas,tornando-se um dos grandes predadores da cadeia alimentar social. Uma vez que ametodologia de escrita de Pepetela alicerça-se predominantemente na ressignificação da

angolanidade, recorreremos, em especial, às pesquisadoras Inocencia Mata (2006,2010), Laura Padilha (2002) e Linda Hutcheon (1991, 2000) para enfatizarmos comosua fala, a despeito do desencanto pós-revolucionário, persiste no desafio de instigarreflexões e ações que procurem romper com as perniciosas hierarquizações aindavigentes em Angola na contemporaneidade.

 

PALAVRAS-CHAVE: Literatura; pós-colonialismo; Pepetela; Predadores; Angola.


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