PERCURSOS EM (DES)CONSTRUÇÃO: DESLOCAMENTOS ESPACIAIS E IDENTITÁRIOS EM “A SUL. O SOMBREIRO”, DE PEPETELA

Mariana Sousa Dias

Resumo


O objetivo desse trabalho é analisar as transfigurações identitárias que se desenvolvem a partir dos deslocamentos espaciais empreendidos pelo protagonista Carlos Rocha no romance “A Sul. O Sombreiro” (2011), de Pepetela. Por meio de sua periclitante fuga para o Sul do território angolano, personagem nos indica não apenas a possibilidade, mas a necessidade de afastamento em relação às hierarquizações impostas pelo Norte. A partida representa, portanto, uma estratégia narrativa permeada por cruciais descentramentos identitários, remetendo-nos à complexidade da formação nacional angolana desde sua base; dessa forma, as transposições metafóricas da obra enfocam o caminhar da própria identidade nacional, investigando-a ainda em suas origens. Para tratarmos tal questão, recorreremos a importantes pesquisadores, como Frantz Fanon (2008), Homi K. Bhabha (2010), Michel Onfray (2009), Octávio Ianni (2000), Ana Margarida Fonseca (2012) e Dércio Braúna (2015), destacando a condição existencial transfronteiriça e híbrida de Carlos Rocha como sujeito submetido a uma estrutura colonialista. Pontuaremos, ainda, que tal particularidade pode ser vista como elemento catalisador de transformações, uma vez que é a partir da fuga que o protagonista pode, enfim, encontrar sua autonomia e reinscrever-se em outro contexto espacial e sociocultural.

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