A DESUMANIZAÇÃO EM MEU TIO, O IAUARETÊ PARA UMA HUMANIZAÇÃO DA LITERATURA
Resumo
O trabalho propõe um estudo da linguagem e da cosmovisão do narrador do conto, e como esses dois âmbitos da obra estão interligados para introduzir um aspecto altamente inovador na literatura brasileira através do uso da língua tupi de maneira provocadora.
Por nos parecer que linguagem e cosmovisão do narrador-personagem são indissociáveis, ambos os aspectos serão analisados no intuito de descobrir a intenção do texto de uma humanização da literatura através de uma possível desumanização do narrador-personagem, que transita no limiar do humano e o animal. Seria realmente uma desumanização o processo de transformação do narrador em onça? Ou seria, uma outra espécie de humanização, uma cosmovisão que difere da visão ocidental que separa humanos e animais? Sobre a questão animal, também dialogaremos com o ensaio Pensamento e animalidade em Vidas secas de Gustavo Silveira Ribeiro, afim de discutir a presença do animal na literatura e sociedade.
Meu tio, o Iauaretê propõe ainda uma discussão, que persiste em nossos dias, sobre a representação da identidade indígena na sociedade e na literatura brasileira. Para essa questão, colocaremos a obra em diálogo também com o texto A Carta Guarani Kaiowá e o direito a uma literatura com terra e das gentes (In: Estudos de literatura brasileira contemporânea) de Marília Librandi-Rocha.
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