ALFABETIZAÇÃO E TEMPORALIDADE: QUESTIONAMENTOS SOBRE A FORMALIZAÇÃO DA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Kelly Cristine Oliveira da Cunha

Resumo


A cultura produziu uma percepção temporal que não se relaciona com o tempo biológico das pessoas que a produzem. Sob o argumento de que o corpo humano saudável responde com aprendizado a todo estímulo que lhe é imposto, muitas escolas vêm oferecendo a cultura letrada como benefício nos primeiros anos de vida, ignorando a maturidade do desenvolvimento cerebral. Este trabalho (em andamento) pretende fazer um contraponto entre o tempo da cultura e o tempo biológico nos aspectos do corpo humano que se relacionam com a aprendizagem da leitura e escrita. Santos (2002) descreve a concepção de temporalidade como preponderante para a construção da racionalidade ocidental que, ao assentar-se na ideia de que planificação e linearidade dividem a história em passado, presente e futuro, vê o presente como um momento de preparação para um futuro expandido. Apoiada nesta perspectiva, esta pesquisa se lança sobre práticas que visam o desenvolvimento da alfabetização antes dos 6 anos de idade. Apoia-se em Dehaene (2012) para demonstrar como a aprendizagem da leitura modifica o cérebro da criança e como tal conhecimento se ancora no sistema visual e nas áreas da linguagem, sinalizando como equivocadas e ineficientes as práticas que visam o letramento formal na educação infantil.


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