CRISE POLÍTICA DO RIO DE JANEIRO A BRASÍLIA: VERBOVISUALIDADE E PATEMIZAÇÃO EM CAPAS DO JORNAL MEIA HORA

Rafael Guimarães Nogueira

Resumo


Propomos a descrição, em manchetes do jornal popular Meia Hora, de recursos verbovisuais empregados na patemização, isto é, no processo discursivo de suscitar possíveis efeitos emocionais no interlocutor (cf. CHARAUDEAU, 2007; MONNERAT, 2013). Para tal, selecionamos como corpus duas manchetes políticas: uma publicada em novembro de 2016; outra, em maio de 2017. No que concerne às justificativas para esse recorte metodológico, destacamos, quanto à seleção do corpus, a grande circulação social e a expressividade do jornal Meia Hora e, quanto ao tema, a potencialidade patêmica dessas manchetes que tratam de crimes praticados por governantes e, até mesmo, da (des)crença na própria representatividade democrática. Tendo em vista a variedade de estudos em Análise do Discurso, optamos pela perspectiva da Teoria Semiolinguística, que abarca todo o ato de linguagem, considerando não só aspectos sócio-históricos que o subjazem como também as identidades das instâncias de produção e de recepção. Nesse sentido, Charaudeau (2006) explicita que as manchetes, principalmente nos jornais populares, exploram diversos efeitos patêmicos, estruturados não só por elementos linguísticos como também por elementos imagéticos. Configuram-se, portanto, como um gênero multimodal, cujo sentido é construído na articulação das parcelas verbais e visuais. Isso posto, dado o caráter interdisciplinar dos estudos semiolinguísticos, reunimos, nesta pesquisa, contribuições do Jornalismo, da Linguística Textual, da Semiótica Pierciana e, obviamente, da Análise Semiolinguística do Discurso para que – em uma análise qualitativa das formas referenciais nominais, das cores e das imagens – sejam investigadas estratégias de patemização. Dentre os resultados, constatamos o uso recorrente de metáforas visuais, por meio das quais o jornal não só adapta/simplifica os fatos que noticia como também os avalia.


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