A CRISE DA EDUCAÇÃO PELO OLHAR DO CHARGISTA: RELAÇÕES VERBO-VISUAIS ENGENDRANDO EFEITOS DE SENTIDO
Resumo
Os textos verbo-visuais são marcados pela integração entre palavra e imagem e conjugam as potencialidades dessas duas semioses na produção de um todo sincrético, coerente e indivisível. Embora haja diferenças quanto à organização dos sintagmas visual e verbal e quanto à correspondência entre significado e significante visuais – que se baseia numa relação metonímica com o real (FERRARA, 1986) –, o signo não verbal compartilha com o verbal o seu valor representativo e tem também um caráter social e ideológico oriundo da enunciação, que o constitui como discurso. Apoiados na análise semiolinguística de Patrick Charaudeau, defendemos, portanto, que a produção verbo-icônica também está submetida a um processo interativo intencional, no qual o mundo é captado por meio de artefatos com os quais se construirá “um novo enquadramento de um mundo através de uma imagem cuja materialidade produz por si mesma um efeito de semiotização” (2013, p. 383). Assim, na articulação entre o visível (enquadrado) e o não visível (fora de quadro), constroem-se os efeitos de sentido da verbo-visualidade para além da co-presença de suas unidades, cujos arranjos formais decorrentes podem ser feitos de modo contratual ou polêmico (TEIXEIRA, 2008). Conforme Joly (1997), imagens engendram palavras e vice-versa num movimento sem fim, que provoca mudanças recíprocas, evocando memórias e conhecimentos que sustentam a leitura de gêneros verbo-visuais como a charge, que nos propomos analisar neste trabalho. Focalizando, então, o contrato comunicativo midiático que orienta esse gênero discursivo (CHARAUDEAU, 2010) e as diferentes relações possíveis de serem estabelecidas entre palavra e imagem (BARTHES, 1990; LINDEN, 2011; SANTAELLA, 2012), dedicamo-nos à análise de duas peças que abordam a crise da educação brasileira, na intenção de descrever o entrelaçamento de sentidos e seus efeitos de informação e captação na teia sincrética elaborada pelo enunciador chargista.
PALAVRAS-CHAVE: Semiolinguística, charge, educação, relações verbo-visuais.
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