RELATOS DE INFÂNCIA:CONCEITOS E DEBATES
Resumo
Trabalhar com a infância é adentrar e mergulhar em um terreno extremamente híbrido, volúvel e de difícil definição, como destacam alguns críticos. É acreditar que toda a liberdade que temos e sentimos enquanto criança será eterna. É pensar que o futuro ainda está muito distante e que quem sabe um dia ainda chegue. É viver cada dia de uma vez e como se fosse o último, se aventurando no que a criatividade e a imaginação de cada um proporcionam. A infância é esse período em que a criança é capaz de minimamente entender, decodificar e compreender a maioria dos elementos e objetos que o permeiam, lugar no qual as cores, os cheiros, o toque, o paladar e os sons ganham importância. Período também no qual o indivíduo se forma, onde o pensamento e a imaginação são aguçados e incentivados, e os detalhes ganham quase vida própria em seu cotidiano simples e bastante imediato. Por isso mesmo aos pensarmos adultos na infância, tal período nos parece um tanto nebuloso, fragmentado, formam-se pequenos estilhaços de lembranças e memórias, como um grande quebra-cabeças ou vários mosaicos díspares de minúsculas informações, que nos chegam muitas vezes sem pensarmos em algo específico, involuntariamente, e que possibilita trazer à vida um passado longínquo. Com isto, tomamos a premissa de analisar e compreender os relatos de infância enquanto gênero autobiográfico a partir de elementos que constituem esse tipo de narrativa: temos o que Freud denomina de “Lembranças encobridoras”, que consistiria em recordarmos aquilo que possuímos de mais distante em nossas memórias da infância, juntamente com fragmentos que obtemos através de terceiros, um “outro”, agregando a “voz da criança” (origem), e por fim, a narrativa do adulto que dá vida mediante testemunho escrito de tais relatos.
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