THE HANDMAID’S TALE E THE CHILDREN OF MEN: BIOPODER E O CONTROLE DO CORPO FEMININO NOS ROMANCES E SUAS RESPECTIVAS ADAPTAÇÕS
Resumo
As distopias comumente têm por objetivo problematizar questões contemporâneas, aumentando sua magnitude, evidenciando as fissuras na estrutura da sociedade, delineando “realidades descontinuas em relação à realidade empírica contemporânea” (CALVALCANTI, 2002, p. 256). Os romances distópicos O conto da aia de Margaret Atwood, publicado em 1985 e The Children of Men de P. D. James, publicado em 1992, são os objetos de estudo da nossa tese, assim como suas adaptações audiovisuais, o filme Filhos da Esperança de 2006 (Children of men, no original em inglês) e a série The handmaid’s tale que já tem duas temporadas e tem uma terceira com previsão de estreia em abril de 2019, pois ambos lidam com uma questão bastante sensível no presente: o biopoder exercido sobre o corpo feminino. Segundo Michel Foucault, biopoder é: “o poder se situa e exerce no nível da vida, da espécie, da raça e dos fenômenos maciços de população” (1988, p. 129). Por sua capacidade reprodutora e por estarmos ainda em um contexto patriarcal, o corpo da mulher acaba sendo o locus de controle mais extensivo. Nessas narrativas essa dominação se torna mais violenta já que nelas a esterilidade ameaça o futuro da humanidade. Acreditamos que a adaptação possibilita o enriquecimento e (re)interpretação da obra ficcional, pretendemos discutir as questões de gênero, maternidade e biopoder, levando em consideração os contextos históricos em que as obras foram lançadas e o presente. Em ambas as obras literárias e suas adaptações, verificamos que embora a humanidade esteja iminentemente em risco de extinção e que nessas circunstâncias cada vida deveria assim ser considerada mais indispensável e preciosa, seu valor é mais relativizado, e cada um se vê numa posição extremamente vulnerável. Nosso embasamento teórico filosófico inclui Michel Foucault, Giorgio Agambem, Simone de Beauvoir e Adrienne Rich, sobre teoria da adaptação nos norteamos por Robert Stam e Linda Hutcheon, e da crítica literária estudamos Keith Booker, Tom Moylan e Gregory Claeys. Nosso objetivo é demonstrar o andamento da pesquisa até o momento e discutir seus rumos daqui em diante.
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PDFReferências
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MBEMBE, Achille. “Necropolítica” Em: Necropolítica seguido de Sobre el govierno privado indirecto. Tradução e edição de Elisabeth Falomir Archambault. Madri: editora Melusina. 2011.
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THE HANDMAID’S TALE. Direção: Mike Barker et, al. Toronto (Canadá) e Cambridge (EUA). MGM Television/ Hulu. 2017. Colorid
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