A MEMÓRIA COMO HERANÇA EM À L'ORIGINE NOTRE PÈRE OBSCUR, DE KAOUTAR HARCHI.
Resumo
O presente trabalho pretende apresentar alguns aspectos iniciais e, portanto, parciais da minha pesquisa de doutorado iniciada no ano de 2018. A investigação analisa a obra de uma jovem escritora francesa de origem marroquina, Kaoutar Harchi. Oriunda de uma família do norte da África, o Magrebe, sua escrita é marcada pelo trânsito entre a cultura francesa e a islâmica. Utilizando-se das bases teóricas recebidas em sua formação em ciências sociais, a autora constrói personagens que revelam sua leitura atenta a respeito dos conflitos produzidos a partir do contato entre o Islã e o Ocidente. Seu terceiro romance — À l’origine notre père obscur (2014) — narra a história de uma jovem que vive com sua Mãe na companhia de outras mulheres, todas elas “presas” em uma casa de detenção (maison d‟enfermement) acusadas de um crime. Geralmente, tal delito é supostamente ter traído seu respectivo marido. Em nossa apresentação buscaremos tratar dos temas memória e herança com o objetivo de demonstrar como a autora sugere que a memória — e até a culpa — pode ser herdada. Desta maneira, gostaríamos de estabelecer diálogo com as reflexões acerca do contexto social da mulher e do conceito de família tribal nas sociedades islâmicas, temas abordados pelas pesquisadoras Juliette Minces (1990) e Vera Lúcia Soares (1998).
Texto completo:
PDFReferências
BERND, Zilá. Por uma estética dos vestígios memoriais: Releitura da literatura contemporânea das Américas a partir dos rastros. 1ª ed. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013.
_____________ A persistência da memória: Romances da anterioridade e seus modos de transmissão intergeracional. 1ª ed. Porto Alegre: BesouroBox, 2018.
_____________; Soares, Tânia. Modos de transmissão intergeracional em romances da literatura brasileira atual. Alea: Estudos neolatinos, Rio de Janeiro, vol. 18 n. 3, p. 405-421, set. a dez 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-106X2016000300405&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 20 ago 2018.
SOBRENOME DO AUTOR, Nome do autor. Título do artigo (sem destaque). Nome do periódico (em itálico), cidade, volume e número do periódico, páginas, data de publicação.
BEN JELLOUN, Tahar. La plus haute des solitudes. Paris: Seuil, 1977.
__________ L’enfant de sable. 1ª ed. Paris: Éditions du Seuil, 1985.
BOURAOUI, Nina. La voyeuse interdite. 1ª ed. Paris: Guallimard, 1991.
_________ Garçon Manqué. 1ª ed. Paris: Stock, 2000.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. A história da Violência nas Prisões. 41 ed. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 2013.
HARCHI, Kaoutar. L’ampleur du saccage. 1ª ed. Paris: Actes Sud, 2011
___________. À l’origine notre père obscur. 1ª ed.Paris: Actes Sud, 2014
MINCES, Juliette. La femme voilée. L’Islam au feminine. Paris: Calmann-Lévy, 1990.
NANCY, Jean-Luc. 58 indícios sobre o corpo. Rev UFMG, Belo Horizonte, v.19, n.1 e 2, 2012. Disponível em: https://www.ufmg.br/revistaufmg/pdf/REVISTA_19_web_42-57.pdf Acesso em: 05 set 2016.
SOARES, Vera. A escritura dos silêncios. Assia Djebar e o discurso do colonizado no feminino. Niterói: EdUFF, 1998
___________. Silences dévoilés: femme, histoire et politique dans l’écriture d’Assia Djebar. IN: BONN, Charles; REDOUANE, Najib; BÉNAYOUN-SZMIDT, Yvette (dir.). Algérie: nouvelles écritures.Paris: L’Harmattan, 2001
Apontamentos
- Não há apontamentos.