Conceptualizações metafórico-avaliativas da relação orientando-orientador

Cyntia Santana da Silva

Resumo


Este trabalho propõe investigar o papel da metáfora na conceptualização e avaliação da relação orientando-orientador sob a perspectiva da Linguística Cognitiva (LC), com foco na linguagem em uso. Segundo Lakoff e Johnson (1980 [2002]), a metáfora, mesmo abordada como um instrumento cognitivo, interage com a linguagem e a cultura na compreensão do mundo que nos cerca e na forma como interagimos com ele. Entendemos, portanto, que estudar aspectos culturais e sociais que envolvem essa relação como proposto por autores como Kövecses (2005) e Gibbs (2002) possam contribuir para essa reflexão. Buscaremos apoio no conceito de frames, instâncias atuantes das representações cognitivas, constitutivas de nosso sistema conceptual, e o seu papel na conceptualização da experiência. Para Semino (2008), o estudo da metáfora no discurso propicia questionamentos sobre o porquê de algumas escolhas metafóricas e padrões de uso ocorrerem em alguns textos, gêneros e discursos específicos. Esses questionamentos levam o pesquisador a buscar respostas no papel e nos objetivos que tanto falantes quanto ouvintes desempenham na comunicação. Dessa forma, buscamos a contribuição de autores que discorrem sobre a metáfora no discurso tais como, Cameron e Deignan (2006), Cameron e Maslen (2010), Semino (2008) e Vereza (2013). Nesta perspectiva, a nossa pesquisa será norteada pelas seguintes perguntas de caráter geral: a) Seria possível identificar padrões específicos de uso de expressões metafóricas no discurso de orientandos que fazem referência ao papel desempenhado ou esperado de orientadores? b) Seria a metáfora usada com o objetivo de promover diferentes representações dessa relação? Acreditamos ser possível encontrar no corpus evidências de que as metáforas conceptuais podem estar na base de algumas das metáforas situadas encontradas. Os corpora que compõem o trabalho foram constituídos a partir de: 1) pesquisa online com a entrada “Orientador é como...”. e 2) formulário introduzido na plataforma google forms e postado em grupos de redes sociais cujos participantes são estudantes de pós-graduação. Os estudantes completariam uma ou as duas sentenças: a) Há orientadores de todos os tipos. Tem orientador que é que nem... e b) Há orientadores de todos os tipos. O meu foi/é que nem... A partir das respostas obtidas, empreendemos uma análise que buscou responder as perguntas mais específicas que norteiam este trabalho: a) Que metáforas conceptuais são instanciadas por orientandos sobre orientadores? Quais os frames evocados para estruturação do discurso dos orientandos? b) Haveria uma articulação entre as metáforas situadas e as metáforas conceptuais? Como essa articulação se dá? Foram encontradas evidências de que orientadores são descritos a partir de frames associados a viagem (guia, orientador, desorientador), carrasco (carrasco, Miranda Priestly e Nazaré Tedesco) e esses frames estariam por trás de algumas expressões metafóricas presentes no discurso de orientandos sobre orientadores.

PALAVRAS-CHAVE: metáfora conceptual; metáfora situada; frames; cultura


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Referências


CAMERON, L. e DEIGNAN, A. “The Emergence of Metaphor in Discourse”. Applied Linguistics 27(4), 2006. pp. 671-690.

CAMERON, L.; MASLEN, R. (Org.). Metaphor analysis: research practice in applied linguistics, social sciences and the humanities. Londres: Equinox, 2010.

GIBBS, Jr. Raymond, W. 1994. The poetics of mind: figurative thought, language and understanding. New York: Cambridge University Press, 2002.

KÖVECSES, Z. Metaphor in Culture: universality and variation. Cambridge: CUP, 2005.

SEMINO, E. Metaphor in discourse. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

VEREZA, S. C. “Metáfora é que nem ...” Cognição e discurso na metáfora situada. Signo. Santa Cruz do Sul, v. 38, n. 65, p. 2-21, jul. dez. 2013.


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