A COBERTURA DE MORTES TRÁGICAS E/OU VIOLENTAS POR O GLOBO: UMA ABORDAGEM SEMIÓTICA

Raiane Nogueira Gama

Resumo


Este trabalho tem por objetivo investigar como O Globo constrói em suas capas o noticiário de mortes trágicas e/ou violentas, fatos de grande comoção pública, sensacionais por si só. Partimos de uma pesquisa desenvolvida anteriormente, sobre a cobertura do massacre de Realengo, em que identificamos a proximidade do veículo ao polo mais apelativo de um continuum traçado com capas de 12 jornais, das mais distantes às mais próximas do jornalismo dito sensacionalista, em uma gradação qualitativa de efeitos de sentido. Com base no resultado obtido, nos ancoramos na semiótica francesa e em seu desdobramento tensivo para verificarmos se reaparecem traços sensacionalistas na cobertura feita por O Globo de outros episódios referentes ao tema. O corpus é formado por 12 capas do primeiro caderno e de cadernos especiais publicados nos dias seguintes ao massacre do Colorado, à catástrofe que atingiu a Região Serrana do Rio de Janeiro em 2011, novamente ao massacre de Realengo e à morte do líder líbio Muamar Kadafi. Observamos que, em algumas edições, o veículo se rende preferencialmente ao estilo enunciativo dito sensacionalista. Nesses casos, ele abandona o perfil inicial de enunciador, do jornal moderado, para se projetar como “uma voz discursiva que grita” (Discini, 2013, p. 129). Com isso, a pesquisa explicita uma certa permeabilidade entre os estilos moderado e sensacionalista. As fronteiras nítidas entre esses dois estilos enunciativos se desfazem na dimensão pragmática e complexa da práxis jornalística.

PALAVRAS-CHAVE: semiótica francesa, jornalismo, morte, sensacionalismo, O Globo.

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