A PROSA BRASILEIRA DOS SÉCULOS XX E XXI: QUESTÕES DE IDENTIDADE E NAÇÃO
Resumo
Partindo da interface entre literatura e os estudos culturais, pretende-se averiguar momentos das obras "Tenda dos milagres" (1969) de Jorge Amado e "Confissões descontínuas de uma mente confusa" (2013) de Fábio Rodrigo Penna, em que as questões de identidade e de narração da nação sejam evidenciadas. Homi Bhabha, Stuart Hall e Benedict Anderson são nomes fundamentais dos estudos culturais que convoco para pensar a apresentação da nação através de duas possíveis modalidades de narrativa: uma pedagógica, cujo intuito é reforçar uma tradição, e uma performativa, capaz de questionar, traduzir e repensar essa tradição. Sabemos que o conceito de Nação, tão necessário de ser imaginado e compartilhado para unir as dispersões das sociedades do século XIX, como nos aponta Ernest Renan (1882) em "O que é uma nação?", fez com que surgisse, na época, uma produção literária empenhada em instaurar símbolos nossos e firmar uma explicação do que éramos. Contudo, houve episódios no século XX que puseram em crise essa urgência de estabelecer fronteiras e instaurar uma identidade nacional unívoca. Surge uma nova configuração das reflexões acerca da identidade e da nação no pós-guerra ao lado também da fundação dos estudos culturais como uma disciplina que permite a reflexão de maneira mais ampla acerca de outras possibilidades de narrativa, que não somente a dos grupos hegemônicos etradicionais, fazendo-se ecoar vozes até então silenciadas ou sem espaço discursivo efetivo.Posto isso, procuro investigar de que maneira (pedagógica ou performativa) o Brasil é narrado nessas duas obras. Pensando, também, na possibilidade de haver uma confluência desses dois gestos narrativos em diferentes momentos das obras. Ou seja, se poderemos verificarmomentos em que ocorre reposição de símbolos tradicionais da Nação, concomitantemente a um gesto performativo de narração. E, ainda, se há predominância entre um ou outro modo de narrar.
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