POÉTICAS DA RUÍNA: UM ESTUDO DAS RELAÇÕES ENTRE HISTÓRIA E LITERATURA NAS OBRAS DE BERNARDO CARVALHO

Larissa Moreira Fidalgo

Resumo


RESUMO: Segundo Paul Ricoeur (2010a), há entre a atividade de narrar uma história e o caráter temporal da experiência humana uma correlação que não é puramente acidental, mas apresenta uma forma de necessidade transcultural. Se considerarmos, portanto, que o tempo torna-se humano na medida em que está articulado de modo narrativo, produzindo a continuidade e a unidade de nossa consciência, perceberemos que ao longo da história várias foram as tentativas de se compreender seus mecanismos de funcionamento. Tais tentativas, por sua vez, reduziam-se ao estabelecimento de um padrão regular e homogêneo na relação passado/presente responsável por guiar nossas experiências do mundo. Entretanto, reconhecendo os procedimentos de controle e exclusão de todo discurso que se pretende verdadeiro e a impossibilidade de conhecermos o passado em sua totalidade, ficção pós-moderna sugere que mudemos nosso horizonte de análise, direcionando nossa atenção para ossistemas de signos narrativizados que conferem forma à nossa experiência temporal. E é justamente nesse contexto metaficcionalmente autoconsciente que o presente encontra-se inserido. Questionando a maneira pela qual conhecemos o tempo passado e suas implicações no tempo presente, a literatura contemporânea desconstrói a noção de centro, de uma imagemtransitiva de “verdade”, abrindo espaço para novas marcas temporais e identitárias. A partir dessa perspectiva, analisaremos os romances Nove noitese O filho da mãe, ambos do brasileiro Bernardo Carvalho.

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