O PERSONAGEM ESCRITOR E O DEBATE INTELECTUAL NA OBRA DE BERNARDO CARVALHO, J. M. COETZEE E MICHEL LAUB

Paula Alves das Chagas

Resumo


Este trabalho tem por objetivo estudar o papel intelectual desempenhado pelo escritor contemporâneo frente aos diversos aparatos midiáticos de que se vale para a ampla divulgação de sua obra ficcional e de seu pensamento (ou sua imagem) como um todo. Tomo como base a afirmação de Silviano Santiago de que o conceito de intelectual tem se reduzido, nos dias atuais, à definição de qualquer um, jornalista, escritor ou crítico, que sustente “opiniões fortes” através de um meio de comunicação de largo alcance, como o jornal, a internet e a televisão. A alcunha de intelectual tem sido atribuída a muitos escritores contemporâneos, na medida em que a entrevista se tornou um espaço dedicado menos à literatura em si do que ao discurso intelectual defendido pelos autores. Nesse sentido, poucos escritores se aproximam do perfil traçado por Edward Said (1994) do intelectual como um outsider, um “amador” e perturbador do status quo (Said, 2005, p. 10). Para esta pesquisa, cinco romances de três escritores diferentes foram selecionados para análise por suscitarem um debate crítico a respeito da produção e circulação da escrita ficcional na sociedade de consumo. Com árduas críticas e uma ironia mordaz, os escritores Bernardo Carvalho, J. M. Coetzee e Michel Laub discutem a banalidade da escrita promovida pelo uso excessivo da internet, o dilema ético na sociedade de consumo, a manipulação da memória e a escassez do debate intelectual tanto na academia quanto nos meios de comunicação de massa. Pretendo, através do estudo dos romances que compõem o corpus ficcional desta pesquisa, discutir a relação entre a imagem intelectual assumida por seus autores perante a mídia e a reflexão crítica promovida em sua escrita ficcional.

 

PALAVRAS-CHAVE: Escritor, Intelectual, Mercado, Literatura contemporânea.


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