CAMILO CASTELO BRANCO: MARIA DA FONTE E A REVOLUÇÃO CEMITERIAL EM PORTUGAL OITOCENTISTA

Guilherme Nogueira Milner

Resumo


Em Portugal, no ano de 1846, as chamadas Leis de Saúde de Costa Cabral – de acordo com o pensamento sanitarista em voga na época – decretavam a fiscalização dos sepultamentos e reforçavam os decretos de Rodrigo da Fonseca Magalhães, datados de 1835, que proibiam o enterro ad sanctos apud ecclesiam, isto é, a inumação dentro das igrejas e perto dos mártires. Este costume milenar que, segundo Philippe Ariès, remonta ao século V e era bem enraizado tanto nos costumes da Igreja Católica quanto na população portuguesa que era majoritariamente cristã, vai sofrer um ataque de uma pequena “elite intelectual esclarecida” influenciada fortemente pelo modelo sanitarista dos cemitérios franceses do final do século XVIII e vai resultar na revolta da Maria da Fonte, em que mulheres armadas se levantaram contra a Junta de Saúde para enterrar na igreja um cadáver que, segundo as novas leis, deveria ir para o cemitério público. Então, à luz de Fernando Catroga, que estuda as questões cemiteriais em Portugal, e de Camilo Castelo Branco, romancista português que escreveu sobre a Maria da Fonte utilizando diversos apontamentos de generais e testemunhas da revolta, pensando por um eixo histórico, vamos apresentar neste trabalho como se deu essa mudança nos costumes funerários portugueses durante o século XIX.

PALAVRAS-CHAVE: questões cemiteriais; sociedade; morte; Maria da Fonte; Portugal.


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