RELAÇÕES ENTRE AS OBRAS DE GEORGES BATAILLE E SAMUEL BECKETT: A EXPERIÊNCIA INTERIOR

Ana Paula Moreira Duro

Resumo


O objetivo do trabalho é apresentar as ideias do primeiro capítulo da dissertação de mestrado intitulada Experiência interior na obra narrativa de Samuel Beckett: O Calmante e Textos para nada, que se encontra em fase final de conclusão. Nesta primeira parte da pesquisa, mostrarei como, através de seu trabalho com a linguagem, Samuel Beckett promove o que escolhi chamar “experiência interior”, tomando tal conceito como análogo àquele desenvolvido por Georges Bataille em seu livro de 1943. O sujeito beckettiano, que se apresenta como narrador-personagem de sua própria história, ao encenar seu processo de escrita, demonstra a insuficiência do código face à diversidade do “eu” e do mundo. É através do desenvolvimento de seu caminho narrativo, questionando e desconfiando constantemente da linguagem, que ele consegue realizar sua experiência singular. Para Bataille, a experiência pressuporia um “despir-se” e um posicionamento outro em relação ao saber. Seria essencial perder o “conhecimento” que limita, sair dos discursos dominantes e morais nos quais estamos tão intrinsecamente inseridos. O filósofo destaca ao longo de todo seu texto a limitação e a precariedade do discurso e, próximo à escrita de Beckett, apresenta um texto que expõe, ao invés de filtrar as contradições que surgem ao longo do processo. Além da proposta da “experiência interior”, também serão introduzidos outros temas presentes na obra batailliana que se relacionam com a temática da dissertação, como “o mal”, “a despesa”, “o indivíduo” e “a soberania”.

PALAVRAS-CHAVE: Beckett, Bataille, Experiência interior

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