NOTAS POR UMA POÉTICA DO PENSAMENTO SELVAGEM

Vinícius Ximenes

Resumo


Como movimento inicial para a leitura de Seiva Veneno ou Fruto, terceiro livro de poemas de Júlia de Carvalho Hansen (2016), o texto busca um diálogo com o pensamento selvagem teorizado por Claude Lévi-Strauss e com seus desdobramentos pela etnologia contemporânea. Ao apresentá-lo, o antropólogo ressaltou não se tratar de pensamento “dos selvagens”, mas de um estado do pensamento não capturado pelo rendimento, uma “exploração especulativa do mundo sensível em termos de sensível”. Eduardo Viveiros de Castro sugere - a partir de Gilles Deleuze - que o pensamento selvagem nos leva a uma outra imagem do pensamento, em cujas relações buscaremos caminhos para pensar uma poética. Quando atualizada nas mito-lógicas e cosmopolíticas ameríndias, a lógica do sensível - que caracteriza o pensamento selvagem - ocupa-se principalmente das metamorfoses, de modo que a etnologia, para dar conta de suas estéticas e poéticas, é levada a repensar os conceitos de corpo, pessoa, enunciação, signo e grafia, enfatizando o agenciamento como unidade mínima e a prevalência das forças e relações sobre as formas e termos. Tendo em vista que cada imagem do pensamento distribui os acontecimentos de modo autossimilar, o texto busca começar a pensar - via etnologia e interlocutoras - a possibilidade de uma imagem integralmente relacional da poiesis, abrindo a composição dos corpos, do pensamento e da escrita a intervenções de outras formas-de-vida.

PALAVRAS-CHAVE: pensamento selvagem; imagem do pensamento; poética; Júlia de Carvalho Hansen


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