UM ESTUDO SOBRE HUMANIZAÇÃO E ANIMALIZAÇÃO EM "MEU TIO O IAUARETÊ" E "O BURRINHO PEDRÊS" DE GUIMARÃES ROSA

Mariana Brasl Hass Gonçalves

Resumo


Tendo como corpus os contos Meu tio IauaretêO Burrinho Pedrês, de João Guimarães Rosa, pretendo apresentar o andamento de minha pesquisa sobre a representação de personagens literários em condição de humanização e/ou animalização. O estudo terá como fio condutor a análise sobre a “linguagem” e o “pensamento” como critérios determinantes para essa condição, tendo em vista o meu interesse em identificar os aspectos ou as circunstâncias que estabelecem a fronteira entre o humano e o animal. Para tanto, com a contribuição teórica de Norbert Elias e de Starobinski, proponho problematizar o conceito de civilização cuja definição está estritamente correlacionada a padrões de comportamento e à distinção social. Nesse sentido, procuro sustentar a possibilidade de que a fala organizada (bem como determinadas variações da língua) está associada a uma forma articulada de pensamento e, por isso, torna-se critério civilizatório e de humanização. Paralelamente a essa perspectiva, recorro às discussões sobre zoopoéticabiopolítica propostas por Maria Esther Maciel que, à luz de Montaigne e Derrida, identifica na racionalidade e na visão antropocêntrica da ciência e da filosofia ocidentais uma espécie de hierarquização que permite o assujeitamento e a prática de dominação entre seres viventes. Assim, entrecruzando referências, sugiro repensar a constituição de personagens não humanos (ou animalizados) nas narrativas roseanas, sobretudo nos contos escolhidos como objeto para esse estudo, cujos protagonistas (o onceiro e o burro) tornam vulneráveis as dimensões de humanização e/ou de animalização.

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