JOSÉ NO ESPELHO – ANÁLISE DE NARRADORES AGUALUSIANOS

Mariana Aparecida de Carvalho

Resumo


Ao reunirmos alguns dos romances publicados pelo escritor angolano José Eduardo Agualusa, percebemos a construção de um jogo literário, em que são empregadas algumas estratégias por parte do autor. Desse modo, propomos investigar o jogo instaurado pelo escritor, refletindo acerca da construção de três narradores específicos, uma vez que são os responsáveis pela enunciação das obras. Trata-se de narradores agualusianos nomeados de José ou que não se apresentam sob este nome, mas que possuem indicações que apontam para tal. Mesmo que a narrativa nos dê indícios de que aparentemente se trate de José Eduardo Agualusa, mesmo que este José lance informações que nos levem a tal suspeita, a mesma é válida e contribui para que o jogo literário proposto pelo autor angolano seja estabelecido, porém nunca será o José, o autor empírico. Analisamos os três narradores através da metáfora do espelho, uma vez que o objeto reflete a imagem que a ele é lançada, mas tal reflexo não pode ser tomado como aquilo que a ele se dirigiu, é apenas uma imagem, que pode ser projetada distorcida, com imperfeições, ampliada ou aparentemente perfeita, mas nunca corresponderá ao que diante dele se prostrou. Temos como corpus para o presente estudo as obras Um estranho em Goa (2000), em que o narrador chama-se José e é escritor; As mulheres de meu pai (2007), em que há a narração de duas histórias simultâneas, sendo que uma delas parece ser narrada pelo próprio Agualusa, assim como apontado na contracapa da obra; e Barroco tropical (2009), em que observamos falas do próprio José Eduardo Agualusa sendo reproduzidas pelo personagem Bartolomeu Falcato, escritor e um dos responsáveis pela narração do romance.


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