ESTADO DE EXCEÇÃO, ESPAÇO DE CLAUSURA: O FILHO DA MÃE, DE BERNARDO CARVALHO

Larissa Moreira Fidalgo

Resumo


Este trabalho - fruto das reflexões apresentadas no XV Congresso Internacional ABRALIC - tem como objetivo estabelecer um estudo do romance O filho da mãe, do brasileiro Bernardo Carvalho, à luz do conceito de “estado de exceção”, conforme o pensamento do filósofo Giorgio Agamben (2008,2014). Se esse estado de exceção pode ser compreendido como o desdobramento de uma sociedade cosmopolita que enfrenta os riscos residuais dos princípios de progresso da primeira modernidade, tais como medo, insegurança e vulnerabilidade, acreditamos que a teorização sobre as configurações das novas práticas de controle e vigilância dos corpos perigosos estimula possibilidades críticas ainda pouco exploradas no âmbito da crítica literária. Como teoria e prática são indissociáveis, elegemos a poética carvaliana O filho da mãe para ser nosso guia neste percurso em torno da promessa de um mundo sem fronteiras e de mobilidade que se revela, na verdade, cada vez mais espaço de clausura. Ora representada pelo desejo de mobilidade e de fuga, ora ilustrada pela transgressão dos códigos moralizantes de uma sociedade opressora, a questão sociopolítica em O filho da mãe pode ser lida como resistência à degradação dos modos de convivência e ao controle das paixões e do corpo, que se ampara na esperança de se construir uma utopia de um mundo possível. Construção de um mundo possível ou de uma globalização possível, conforme a pensou Milton Santos (2002), quando apontou, para rejeitar, as práticas da globalização real, nas quais se incluem formas inconcebíveis de fundamentalismos e intolerância, propondo em seu lugar uma globalização humana, entrevista nos sinais positivos emitidos por parte da sociedade hodierna, dentre eles, a possibilidade de incorporação dos sujeitos alijados do mundo da promessa na sociedade globalizada.

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