REFLEXÕES SOBRE A NOÇÃO DE LOUCURA NO VOCABULARIO PORTUGUEZ E LATINO

Amanda Bastos Amorim de Amorim

Resumo


Neste artigo, indicamos os conceitos fundamentais e primeiros resultados de uma investigação em andamento sobre verbetes relacionados a patologias em dicionários de Língua Portuguesa e Dicionários de Medicina. A pesquisa se dá na área de História das Ideias Linguísticas, apoiada no arcabouço teórico da Análise de Discurso francesa e se insere na interface dos Estudos de Linguagem com a História da Medicina. Neste momento, em particular, será apresentado um gesto de análise do verbete loucura presente no Vocabulario Portuguez e Latino, de Bluteau (1712-1728). A metodologia aplicada é semelhante à apresentada por Nunes (2006), observando e destacando os eixos parafrásticos, a fim de analisar cada uma das partes e os efeitos de sentidos produzidos. Para tanto, recortamos algumas sequências discursivas deste verbete. Neste dicionário, encontramos a noção de loucura vinculada a três posições distintas: (i) uma primeira que fala da ausência ou da lesão da memória, sendo esta localizada em uma região específica do cérebro; (ii) uma segunda da relação com a sapiência, sendo os loucos dotados também de alguma capacidade positiva; (iii) a terceira de uma relação com o divino, em que se contrapõe um conhecimento religioso que diz da loucura como razão de veneração e um outro que reafirma a loucura como um problema do corpo e não da alma. Interessa compreender como se constitui uma certa memória lexicográfica em torno da loucura e quais filiações ideológicas comparecem nas acepções encontradas neste dicionário.


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