UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA FALA DOS MILITARES

Sarah Moreira Casimiro

Resumo


Apresentamos como proposta de pesquisa investigar o funcionamento discursivo dos depoimentos concedidos pelos seguintes militares brasileiros à Comissão Nacional da Verdade: coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e delegado Aparecido Laertes Calandra, mais conhecido pelo nome de capitão Ubirajara. Esses depoimentos podem ser facilmente acessados, uma vez que estão disponíveis no YouTube, pelo canal da Comissão Nacional da Verdade. Optamos por esses dois depoentes porque, em uma pesquisa anterior, de iniciação científica, sob orientação da professora Bethania Mariani, analisamos testemunhos de mulheres que foram torturadas durante a ditadura militar brasileira. Os testemunhos que compuseram nosso corpus anterior foram retirados do livro “Direito à memória e à verdade: Luta, substantivo feminino”, organizado por Tatiana Melino; nesses relatos, os nomes do coronel Ustra e do delegado Calandra aparecem com regularidade, o que instigou nossa curiosidade e nos serve de justificativa para preferenciar esses dois, em detrimento de outros.  Para dar seguimento a esta proposta de trabalho, filiamo-nos à teoria da análise de discurso de linha francesa, tal como foi pensada por Michel Pêcheux. Com base nessa teoria, objetivamos compreender o funcionamento discursivo da fala desses militares que concederam seus depoimentos às audiências públicas promovidas pela Comissão Nacional da Verdade, buscando analisar as possíveis regularidades entre os discursos assumidos por esses sujeitos e por que, mesmo não havendo mais ditadura, parece não haver lugar na fala deles para se manter determinadas posições discursivas. Além disso, buscamos compreender como a posição discursiva assumida por esses sujeitos contribui ou não para uma política do esquecimento.

PALAVRAS-CHAVE: verdade, memória, esquecimento.

 


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