ESTILHAÇOS DE MEMÓRIAS: A FICÇÃO DETETIVESCA DE LUCHA CORPI COMO LUGAR DE REMEMORAÇÃO

Juliana Meanda

Resumo


Este artigo aborda a questão da memória na série de ficção detetivesca da escritora Lucha Corpi, cujo corpus selecionado é composto pelas três primeiras obras da sequência, publicadas na década de 1990: Eulogy for a brown angel (1992), Cactus blood (1995) e Black widow’s wardrobe (1999). Estas narrativas trazem como protagonista Gloria Damasco, a primeira detetive feminina da literatura chicana, através da qual são levantadas diversas questões que envolvem o contexto cultural, histórico, social e político deste grupo subalternizado dentro dos Estados Unidos. Corpi promove releituras históricas e mergulhos culturais através do resgate de símbolos, mitos e eventos políticos marcantes para o povo chicano, evidenciando que este termo não abarca um grupo homogêneo, mas que mesmo existindo questões comuns, há ainda muitas desigualdades internas, especialmente em relação à condição da mulher. A investigação dos mistérios do presente leva a explorações sobre o passado, e a memória assume papel crucial neste elo, pois através dela o passado se torna presente e pode ser ressignificado. A memória é utilizada como estratégia para o resgate de episódios muitas vezes apagados pela historiografia oficial. Serão examinadas as principais recordações levantadas nestas três obras, evidenciando a ficção detetivesca marginal, isto é, produzida por uma minoria, como espaço de crítica e denúncia. A autora faz de sua literatura um lugar de rememoração, uma vez que por meio de lembranças pessoais das personagens são resgatadas memórias coletivas de circunstâncias notáveis para a comunidade chicana, que assume a construção de seus próprios textos e de sua própria história.


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