AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE DE JOSÉ SARAMAGO: A MORTE E A MORTE COM LETRA MINÚSCULA

Guilherme Nogueira Milner

Resumo


O que aconteceria se nós acordássemos em um país onde um dos maiores medos da nossa espécie se anularia de um dia para o outro? Nas páginas iniciais de As Intermitências da Morte lemos que “no dia seguinte ninguém morreu”, e vai ser justamente nessas palavras que Saramago começa a descrever, numa inteligência e ironia ímpar, um país em que ninguém morre dentro de suas fronteiras. Contudo, depois de passar a alegria e a histeria de um momento inicial e sem precedentes na história universal, de pensar-se imortal, essa utopia vai logo mostrar as suas facetas distópicas ao gerar caos e o desespero no funcionamento desse país, até que a morte, como escrito de acordo com ela própria utilizando a letra inicial minúscula, volta para a cena mudando o protocolo milenar de como morrer: agora os moribundos seriam avisados, por carta, uma semana antes da data do traspasse. Para este trabalho, enfim, pretendemos nos apoiar em uma literatura teórica multidisciplinar sobre a morte e o morrer, pensando também nas atitudes diante da morte na égide de nomes como Norbert Elias, Arthur Schopenhauer, Marcel Conche, Philippe Ariès, entre outros, com a finalidade de dialogar o nosso conhecimento sobre a morte e o morrer com a obra supracitada de José Saramago.

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