A MEMÓRIA DO FIO: A FABRICAÇÃO DE ESQUECIMENTO E MEMÓRIA EM MUSEU DE TUDO, DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO

André França Rocha Borba

Resumo


Na segunda metade do século XX, viu-se emergir um interesse pelo tema da memória (HUYSSEN, 2000). Seja na África do Sul pós-Apartheid, nos países do leste europeu que viveram sob o regime stalinista ou mesmo na América Latina por meio dos movimentos de familiares de desaparecidos políticos, essa temática irrompe nesse período em diversos contextos sociopolíticos. A partir desse cenário, o presente trabalho tem o objetivo de pensar a memória em sua interface com a literatura. Para tanto, o objeto de análise é a obra Museu de Tudo (1975) de João Cabral de Melo Neto, autor considerado pela crítica canônica como racional, formalista, cerebral. Esse livro reúne uma ampla variedade temática e aborda assuntos como futebol, cidades, artistas plásticos... O objetivo não é cair em biografismos, algo comum quando se pensa a memória. O interesse é a reflexão sobre esse tema como uma força que se coloca na escritura entre poesia e vida. Também pretendemos pensar no problema da memória/esquecimento em nossa cultura contemporânea, uma vez que é só a partir de hoje, do que se desperta para o problema da memória, que é possível ir à obra cabralina com novo fôlego, promovendo uma leitura diferenciada e que foge ao cânone das pesquisas sobre o poeta.

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