NOVAS VOZES PARA AS NARRATIVAS SOBRE DITADURA MILITAR EM DOS VECES JUNIO, DE MARTÍN KOHAN
Resumo
Em Dos veces junio (2002), narrativa do escritor argentino Martín Kohan, verifica-se uma das possibilidades contemporâneas para se responder às questões ligadas à narração dos horrores deflagrados pela repressão institucional, e pela tortura decorrente desta, no período correspondente à última ditadura militar argentina. A narrativa, situada nos dias 10 de junho de 1978 e 30 de junho de 1982, desenvolve-se em torno de um conscrito do exército na busca por um capitão-médico capaz de responder à pergunta que abre o livro: “¿A partir de qué edad se puede empesar a torturar a un niño?” (KOHAN, 2002: 11). O autor constrói uma narrativa que torna visível o clima de exceção do período ditatorial vivido então pela Argentina, sem se afastar do objeto ficcional, patente no erro ortográfico (empesar). Tal erro aponta para o aspecto técnico da produção desta obra, representação sintética da relevância da forma, e indica também o papel de determinado conhecimento para o exercício da tortura e de todo o aparato burocrático que se organiza a fim de legitimar e proporcionar a realização dessa prática com a maior eficiência possível. É essa eficiência que permite, entre outras coisas, a elaboração daquela pergunta ligada unicamente ao seu aspecto científico.
Texto completo:
PDFApontamentos
- Não há apontamentos.