TRANSCULTURALIDADE: ETNICIDADE EM MOVIMENTO NO CONTATO LINGUÍSTICO-CULTURAL DE LÍNGUAS DE IMIGRAÇÃO

Mario Luis Monachesi Gaio

Resumo


No fim do século XIX o estado de Minas Gerais recebeu um grande volume de imigrantes italianos. Boa parte desses imigrantes permaneceu na cidade de Juiz de Fora e na sua microrregião, mas não há reflexos de transmissão de língua e cultura através das gerações. Resultados de recente dissertação de mestrado (GAIO, 2013) apontam para o apagamento gradual na transmissão de língua e cultura na cidade de Juiz de Fora desde a chegada dos imigrantes italianos até os dias atuais. Os dados relevados entre descendentes de italianos mostram que o nível de conhecimento cultural das origens italianas é inversamente proporcional à faixa etária dos informantes. Recentemente, a prefeitura da cidade de Pequeri, limítrofe com Juiz de Fora, tomou ações de resgate da cultura dos antigos imigrantes através de políticas linguísticas locais. O governo municipal implementou ações de revitalização da cultura italiana na cidade, culminando com o ensino de  língua italiana nas escolas de Ensino Fundamental. Na continuação de nossa pesquisa iniciada no mestrado, questionamos se essas políticas in vitro são ou não consequências de um movimento in vivo. Com base nas teorias sobre redes sociais investigamos em que medida houve perda e manutenção da língua e cultura dos imigrantes. Nosso aporte teórico se fundamenta em Bortoni-Ricardo (2011), Milroy; Gordon (2003), Milroy (2007) e Gumperz (1982). A pesquisa tem cunho etnográfico e pretende, através de entrevistas e enquetes sociolinguísticas, buscar evidências da transculturalidade que envolve essa etnicidade em movimento que caracteriza as situações de imigração europeia no Brasil.

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