UMA ANÁLISE PRELIMINAR DO DUPLO ANIMAL EM MOBY DICK
Resumo
A problemática do duplo já comparece enquanto questão colocada para as artes desde registros imemoriais, na medida em que traz consigo as dialéticas do real e do ilusório, da ideia e do simulacro e a própria [im]possibilidade da arte em representar o real, com suas distorções, imprecisões e a dimensão de perda que a própria representação porta em relação à coisa representada – duplicada no processo mesmo de representação. Na literatura, é possível traçar uma cartografia do duplo mapeando suas aparições ao longo dos séculos, através dos movimentos literários e por entre os gêneros, destacando-se nesta trajetória uma importante filiação à literatura fantástica, e os interessantes arremedos com os gêneros do estranho e do maravilhoso – e seus subgêneros híbridos. No entanto, algo do duplo parece escapar a uma esquematização completa e muito embora os diferentes escopos teóricos, sobretudo a psicanálise, pareçam bem-sucedidos ao cercar e cingir o fenômeno, datando-lhe, fornecendo-lhe fundamentos e causalidades, algo parece ainda obscuro, mergulhado em sombras. A obra de Herman Melville, Moby Dick, oferece a oportunidade de investigar o duplo em sua contrapartida animal, isto é, a forma velada deste duplo, contrastante com as aparições clássicas ligadas a reflexos, sombras, homônimos, gêmeos etc, que comparece enquanto perseguição implacável do personagem Ahab pela baleia branca que lhe arrancara a perna.
PALAVRAS-CHAVE: Duplo, Moby Dick, Psicanálise, Herman Melville.
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