ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES LINGUÍSTICAS DE IMIGRANTES BRASILEIROS NO SURINAME
Resumo
A imigração de brasileiros para o Suriname é um fenômeno relativamente recente que começou a ser percebido em meados dos anos 80, quando as primeiras ondas de imigrantes, constituídas basicamente por garimpeiros e prostitutas, deixaram o Brasil em busca de oportunidades no país. Atualmente estima-se que vivam no país aproximadamente 16.000 brasileiros que se dedicam a atividades sobretudo no setor de comércio, serviços, extração mineral e prostituição.
O presente trabalho apresenta alguns resultados da pesquisa de campo realizada em julho de 2015 na capital surinamesa Paramaribo e se propõe a discutir as representações linguísticas dos imigrantes com relação ao sranantongo, idioma crioulo que serve como língua franca na multiétnica e multilíngue ex-colônia holandesa que tem a língua dos antigos colonizadores como a única com status de oficial. É fato indiscutível e já observado em estudos antropológicos realizados até hoje que a vasta maioria dos brasileiros, muitos deles originários de estratos sociais menos favorecidos, possui um domínio bastante limitado do holandês e recorre ao sranantongo e, sempre que possível, ao português, para interagir com a sociedade local.
Usando os conceitos de prática, representação e insegurança linguísticas conforme definidos por CALVET ([1999] 2004) e recorrendo às noções de mercado linguístico e violência simbólica de BOURDIEU ([1982] 1996), a apresentação pretenderá entender os estigmas que grande parte desses imigrantes associa ao sranantongo – ou “taki taki”, termo pejorativo muito difundido entre os brasileiros – considerando as variáveis extralinguísticas sexo e escolaridade, que se mostraram bastante relevantes durante a análise dos depoimentos colhidos.
PALAVRAS-CHAVE: Representações; Práticas; Insegurança Linguística; Suriname; Sranantongo.
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