INDÚSTRIA CULTURAL: CONSTRUINDO IDENTIDADES NA AMÉRICA LATINA

Resumo

Neste trabalho, abordaremos a presença da indústria cultural na América Latina e sua contribuição na construção das identidades deste continente. Para tanto, enfocaremos um de seus produtos muito conhecidos e rentáveis: a telenovela mexicana, cuja trajetória perpassa outros fenômenos da cultura de massas, como o folhetim e as radionovelas. De acordo com Teixeira Coelho (1980), com a industrialização, a cultura passou a ser um produto, intercambiável por dinheiro e que deveria agradar a um público médio. Assim, iniciou-se uma divisão entre cultura superior e cultura de massas, com a possibilidade de ascensão de alguns produtos. Com a indústria cultural, as camadas sociais não burguesas podem adentrar a esfera pública. O massivo foi sendo gerado dentro do popular, mas a cultura de massas ainda é vista por muitos como decadência da cultura culta. Para relacionar esse tema às identidades culturais na América Latina, nos apoiaremos no conceito de hibridação de García Canclini (2006), elaborado “para designar as misturas interculturais propriamente modernas, entre outras, aquelas geradas pelas integrações dos Estados nacionais, os populismos políticos e as indústrias culturais”. (p. 30) Os processos de hibridação nos fazem questionar a noção de identidade como um conjunto de traços fixos ou a essência de uma etnia ou nação, já que membros de cada grupo se apropriam dos repertórios heterogêneos nos circuitos transnacionais de formas diversas. Quando enfocamos a América Latina, é importante entendermos as variedades identitárias existentes e como elas se conformam, muitas vezes envolvendo produtos da cultura de massas. Defendemos a ideia de que a grande popularidade dos produtos da cultura de massas não é casual, está relacionada às identidades culturais, em aspectos como a construção do imaginário popular e a experimentação de sensações catárticas, além de, no caso das telenovelas, o resgate do ritual comunitário de presenciar representações.