OUTRO OLHAR: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE “UM POSTO AVANÇADO NO PROGRESSO”, DE JOSEPH CONRAD E “AS ÁGUAS DO CAPEMBÁUA”, DE RUY DUARTE DE CARVALHO
Resumo
O presente trabalho pretende analisar comparativamente os contos “Um Posto Avançado no Progresso”, escrito por Joseph Conrad e “As àguas do Capembáua”, escrito por Ruy Duarte de Carvalho. Em ambas as narrativas há o desenvolvimento de questões morais e políticas despertadas pela intervenção do homem branco em territórios africanos. A desmedida ganância do homem branco estampada no posto à margem do rio e nas grandes fazendas feitas para pecuária empresarial no sudeste de Angola, resulta em miséria, fome e morte. O final das duas narrativas traz a morte dos brancos envolvidos nas intervenções que tanto prejudicaram o povo local. O encontro entre culturas provoca diferentes reações ao longo dos contos e os jogos entre acaso e sucessão lógica, destino e escolha, trazem diferentes pontos de vista, diferentes estratégias narrativas. Enquanto em Conrad predomina a voz do narrador onisciente, em Ruy Duarte temos um narrador-personagem que organiza seu texto de forma a comportar, não somente mais de um ponto de vista sobre a mesma história, mas o seu ponto de vista ao contar sobre dois diferentes pontos de vista sobre a mesma história. Tornam-se interessantes os enlaces que aproximam e separam narrativas contextualizadas durante e no fim do período colonial, que fazem perceber como Ruy Duarte utiliza uma nova forma de representação, onde o marginal fala. Coloca em foco sociedades deixadas de lado, coloca luz sobre suas práticas e seu conhecimento. Com isso, caracteriza uma nova forma de representar o mundo, que muito foge dos padrões tradicionais de classificação.
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