A FIGURA DO IMIGRANTE NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Resumo
O objetivo deste trabalho é estudar as diferentes figurações da imigração e a condição do imigrante na literatura brasileira contemporânea, a partir de três romances: Relato de um certo oriente, de Milton Hatoum; A chave de casa, de Tatiana Salem Levy e Amrik, de Ana Miranda. O enfoque será dado às errâncias, aos deslocamentos na literatura refletindo sobre os imaginários do pertencimento em tempos de globalização (tempo em que as mobilidades culturais tomam força desmedida), a partir de contribuições teóricas da crítica cultural e da literatura comparada. O trabalho procura mostrar que o romance contemporâneo se delineia na interioridade (escritas de si) para a anterioridade (ancestralidade), aspecto relevante a observar nas obras escolhidas para a análise, já que falam de si a partir dos fantasmas do passado, das tradições de um lugar de ―origem. Esses autores apresentam uma escrita performática, no sentido de tomar posições subversivas ao falarem de si, evidenciando não apenas a polifonia da linguagem, mas o caráter criativo da construção de um eu que se transforma na medida em que vai adotando vários lugares de enunciação. Focaliza-se aqui além do deslocamento físico, a dimensão interior e ontológica das errâncias – a viagem existencial para dentro de si mesmo. A migrância, a diáspora, a errância acabam por enfatizar as relações identidade/alteridade, as relações conflituosas entre o Eu e o Outro. Nesse sentido, aponta-se a desterritorialização como um processo de hibridismo e de diferença cultural que se constrói na tensão entre os referentes culturais locais e estrangeiros sem, contudo, renegar uma memória de pertencimento.
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