SER PAI /TER UM PAI: UMA BREVE ANÁLISE DA FIGURA PATERNA NA FICÇÃO BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Resumo
Propomos com este trabalho investigar a condição problemática que é “ser pai” e/ou “ter um pai” na ficção brasileira contemporânea, comparando os seguintes romances: O filho eterno (2007), de Cristovão Tezza; Diário da queda (2011), de Michel Laub; e Barba ensopada de sangue (2012), de Daniel Galera. É visível nessas obras como as experiências existenciais dos protagonistas são drasticamente abaladas e desorganizadas pela presença e/ou pela ausência da figura paterna. Na tentativa de superarem o presente tão perturbado por angústias e desamparo, os personagens recorrem às memórias. Realizam, assim, um movimento de duplo efeito: ao mesmo tempo que iluminam certos aspectos do passado – e isso possibilita algum tipo de redenção –, também suscitam questões ainda não tratadas, que supostamente deveriam permanecer nas sombras do esquecimento. Ao se deslocarem para o passado, pais e filhos colocam-se perante o dilema de rejeitarem, incorporarem ou ressignificarem o legado familiar. No ponto de choque entre gerações e de crise de identidade, a alternativa mais viável para alguns é a fuga – deixar tudo para trás e recomeçar a vida em outro ambiente, ainda que por dentro continuem sendo corroídos pelas rusgas paternas, pela carência de diálogo e afeto, pelo sentimento de não pertencimento. São sujeitos à deriva, continuamente indo e vindo, de um lugar a outro, de um relacionamento a outro, tentando encontrar seus próprios caminhos.
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