“UM NORTE PROFUNDO”: IMAGENS MEMORIAIS EM ASTRONOMIA, DE MÁRIO CLÁUDIO

Resumo

Uma das mais recentes publicações do escritor português Mário Cláudio, Astronomia contém a autobiografia ficcionalizada de seu autor. Nesse romance, o trajeto de sua vida, desde a infância à idade madura, é reconstituído ficcionalmente por meio de alusões a memórias pessoais e referências culturais, em um processo que tenho denominado de autorreferenciação mimética. O livro faz parte do corpus de minha pesquisa de doutorado, que se debruça sobre figurações de imagens da cultura setentrional portuguesa, bem como de manifestações artísticas de variado caráter, com que o texto marioclaudiano dialoga em seu percurso autobiográfico. Esse trajeto, representado nas obras A Quinta das Virtudes (1990), Tocata para dois clarins (1992), O Pórtico da Glória (1997), Meu Porto (2001) e Astronomia (2015), pode ser percorrido por meio do desvendamento das imagens cuidadosamente construídas nos enredos dessas obras. A leitura de Astronomia que ora proponho será embasada em textos teóricos de autores como Walter Benjamin, Paul Ricoer e André Malraux, em leituras críticas feitas por Theresa Abelha e Dalva Calvão, além, obviamente, do diálogo que os textos do próprio Mário Cláudio estabelecem entre si, como uma rede autorreferencial.