REPERTÓRIO NEGRO-AFRICANO E IDENTIDADE CRIOULA EM TEXACO, DE PATRICK CHAMOISEAU

Denise de Souza Silva

Resumo


Este artigo constitui uma análise parcial do corpus da Dissertação de Mestrado sobre a diáspora negro-africana e o processo de escravidão nas Américas, analisando a semântica do termo negritude, que ganhou com Aimé Césaire, nos anos 30, um significado de retorno às raízes africanas e valorização do negro. Abordaremos os movimentos da Crioulização de Édouard Glissant e da Crioulidade de Patrick Chamoiseau, Jean Bernabé e Raphaël Confiant, que desempenharam papéis relevantes no processo de construção da identidade crioula das Antilhas. A colonização da Martinica iniciou-se em 1635 com a implantação da cultura da cana-de-açúcar pelo mercantilismo francês, cuja mão de obra dos índios Caraíbas, utilizada inicialmente, foi substituída pela dos negros trazidos de várias regiões da África. Após a abolição da escravatura (1848), esses povos encontraram-se, segundo Édouard Glissant, prisioneiros de uma dupla opressão: a impossibilidade de produzir para e por eles mesmos e a impotência para afirmar sua própria natureza. As identidades culturais nas Antilhas carregam, portanto, marcas violentas de rupturas e desumanização do ser, uma vez que os povos antilhanos viveram uma non-histoire imposée, cujo fator negativo foi o apagamento da memória coletiva (GLISSANT, 1997). É nesse contexto que estudamos, em Texaco (1992), o resgate histórico-cultural que Patrick Chamoiseau faz utilizando sua literatura como um processo de recuperação da memória coletiva através da reinvenção identitária, destacando, como preponderante no complexo mosaico ethoetnocultural, o fragmento negro-africano constituinte da identidade crioula.


Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.