A VIDA COMO FICÇÃO: CONSTRUINDO PERSONAGENS ENTRE A VERDADE E A MENTIRA
Resumo
O trabalho é um desdobramento de pesquisa sobre os caminhos dos narradores que se transformam em personagens de si (que se autoficcionalizam) para tecer narrativas que sejam capazes de enredar o outro. As reflexões são relacionadas ao processo de construção de um romance (com o título provisório Sete mentiras e uma verdade) que pretende ser o produto final de toda a pesquisa. Discussões sobre a possibilidade de apresentação de um romance como tese de doutoramento iniciam o texto. A investigação percorre, na sequência, os campos das narrativas de si e das fronteiras (ou não-fronteiras) entre real e ficção, entre verdade e mentira. Examina as aproximações e distanciamentos entre as narrativas que apontam para um e para outro destes espaços (ficcionais e realistas), considerando-as sob os pontos-de-vista da linguagem que escolhem e das referências que adotam. Investiga a (im)possibilidade da construção de um discurso narrativo integral e autenticamente verdadeiro ou falso. Neste percurso, o trabalho também observa aspectos relacionados à ficcionalização do sujeito: posta em narrativa, a vida como ficção; o si-mesmo como outro, a nossa heteronímia cotidiana. O projeto do romance é apresentado, relacionado com as reflexões teóricas. O discurso narrativo dos personagens flutuando entre o real e a invenção; as aventuras de linguagem que se oferecem a partir desta flutuação; a heteronímia que está na gênese da trama e as relações entre a vida do autor e seus personagens-narradores; a ficcionalização da vida como estratégia para seduzir o outro: são algumas provocações trazidas da pesquisa para o romance. Reflexões de Aristóteles, Roland Barthes, Serge Doubrovski, Paul Ricouer, Silviano Santiago, Eurídice Figueiredo, Hans Gumbrecht contribuem para este debate.
PALAVRAS-CHAVE: Autoficcionalização; Heteronímia; Narrativa; Novo romance.
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