A DESTERRITORIALIZAÇÃO DA LÍNGUA COMO ATO POLÍTICO DE RESISTÊNCIA

Louise Ribeiro Cruz

Resumo


Em kafka: Por uma literatura menor (Autêntica, 2014), Gilles Deleuze e Félix Guattari defendem a desterritorialização da língua ser ato político de resistência e, por conseguinte, ato revolucionário. Maria Gabriela Llansol revoluciona a língua pátria (língua menor), pois faz a língua menor - que criou em suas obras - escapar da impostura da língua maior e de sistemas vigentes. Assim, sua língua menor escapa do comumente estabelecido, conhecido e aceito. Tendo isso como foco, investigam-se, de forma conjunta e comparada, as escritas de O Livro das Comunidades (LC) (Afrontamento, 1977) e de Uma data em cada mão - Livro de Horas I (LHI) (Assírio & Alvim, 2009), no que concerne ao fato dessa, obra de traço referencial, ser laboratório físico e, especialmente, subjetivo que possibilitou Llansol engendrar aquela, de rubrica declaradamente ficcional. Na investigação, como objetivos específicos busca-se: definir o estatuto da imagem e sua relevância na escrita llansoliana; analisar a problematização da escrita de si nos dois livros; urdir fragmentos de LHI e LC que enfatizem a criação de imagens em entre-lugar cujas indecidíveis fronteiras mesclam o referencial e o ficcional nas duas obras; e mostrar que ambas foram escritas por impulsos e intuições que extravasam a representação tradicional. No quadro teórico-metodológico, a desterritorialização da língua permite-nos refletir e afirmar que escritos llansolianos oferecem, em tempos de crise, expressivas possibilidades de resistência à impostura da língua.

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