DO ESCRITO AO ORAL: A FUNÇÃO DA ESCRITA DO NOME PRÓPRIO NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO

Ana Claudia Bezz

Resumo


Este trabalho investiga a função da escrita do nome próprio na constituição do sujeito a partir de dois campos: Análise do Discurso e Psicanálise. Partindo do questionamento sobre o que permite que o nome recebido pelo Outro se torne próprio para a criança serão analisadas materialidades recolhidas nos encontros com crianças de faixa etária entre cinco e seis anos de idade, matriculadas na Escola de Educação Infantil Vasconcelos Torres, situada no município de Niterói. A escolha desta faixa etária deve-se ao fato de ser neste momento que, em nossa sociedade ocidental as crianças estão se debruçando sobre o traçado do nome que receberam do Outro. O artigo procura demonstrar que entre receber um nome e tomá-lo como seu, o sujeito haverá que se submeter a complexos processos identificatórios. Para Michel Pêcheux (1975[2009]) aquilo que temos como mais próprio, nosso nome, que nos leva a formular “Eu sou fulano de tal” oculta um processo de interpelação ideológica. Até tornar-se um sujeito do discurso e reconhecer-se como “Eu sou” há um processo complexo que leva o sujeito a essa evidência. Do ponto de vista da psicanálise o nome próprio refere-se à primeira marca que funda a possibilidade de surgimento do sujeito e fica a espera de uma leitura, posterior. Isso nos leva ao apontamento de que a singularidade e a apropriação da criança pelo nome que recebeu do Outro não se dá de forma natural. O nome ofertado, marca do desejo do Outro, fica à espera de uma leitura que a própria criança precisará efetuar no caminho de sua constituição como sujeito.

PALAVRAS-CHAVE: escrito; oral; nome próprio; sujeito.


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