O FUNCIONAMENTO DO DISCURSO (JORNALÍSTICO) NAS DENOMINAÇÕES SOBRE O ESPAÇO SIMBÓLICO QUE CONSTITUEM SUJEITOS E ESPAÇO

Diane Mageste dos Santos

Resumo


Nosso trabalho propõe compreender o espaço urbano bairro discursivamente. Ao denominar simbolicamente o espaço, reconhece-se o caráter político e histórico dos mecanismos que regulam a vida social dos sujeitos. Entendemos que o corpo dos sujeitos e o corpo da cidade formam um, que processos de transformação de infraestrutura e/ou a sua falta interferem no modo de constituição do sujeito concomitantemente à forma como ele produz sentidos e se identifica, significando também seu espaço, a sociedade, a história. Constituímos nosso corpus de análise por cinco reportagens jornalísticas que circularam na mídia em diferentes momentos e seguem disponíveis na rede eletrônica. Um dos recortes que empreendemos é composto por reportagens que falam sobre espaços simbólicos ora denominados bairro, ora comunidade que, ao significar, traz uma memória a qual funciona por meio de um não-dito. Esse funcionamento se confirma na reportagem, que mostra o momento em que um bairro vira uma comunidade, mediante uma placa alocada na entrada do bairro. Além dessas, trazemos um recorte que abre caminho para refletir sobre o sujeito-morador que não está, de forma alguma, separado do espaço da cidade. A ressignificação se dá a partir da união de moradores locais com um movimento de grafitagem que leva cor ao espaço violento, denominado por comunidade. Considerando o equívoco como constitutivo da língua, bem como as relações de paráfrase e polissemia, tais como propostos pela análise de discurso de linha francesa, propomos pensar a noção de efeito metafórico a partir das denominações: bairro, comunidade e favela. Pensamos a mobilidade de uma palavra por outra ao refletirmos sobre a imagem de violência, criminalidade e carências comuns que atravessam esses diferentes espaços simbólicos. Tal recorte traz denominações do espaço urbano em que se reconhece a natureza política e ideológica funcionando na contradição. O presente estudo propõe, então, analisar como funciona a construção de um imaginário para bairro por meio de um discurso que diz sobre e institucionaliza sentidos para essa organização urbana que se constitui no dizer em circulação no telejornal. Compreendemos que o que já foi dito sobre bairro e sobre comunidade em diferentes condições de circulação significa, trazendo uma memória que funciona no corpus, produzindo efeitos de sentidos na discursividade sobre os bairros que aqui analisamos.


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