A SITUAÇÃO DAS LÍNGUAS NA CIÊNCIA: O VIÉS DOS INDEXADORES
Resumo
O inglês tem ocupado desde o fim da Segunda Guerra um lugar de crescente hipercentralidade (Calvet, 1999) na circulação do conhecimento científico a nível internacional. Essa posição é reforçada por certas representações que o colocam como a língua da ciência, cujo uso seguiria uma pretensa evolução da ciência. Além disso, algumas análises quantitativas da produção mundial de artigos são apresentadas como pinturas objetivas dessa dominância. Com o objetivo de tratar do impacto do uso dos indexadores, ou seja, das políticas científicas sobre as políticas linguísticas fizemos um levantamento das línguas presentes no Web of Science.A análise mostra a efetiva implicação dessas listas sobre os status das línguas enquanto delimitação da publicação “desejável”, com um grande viés em favor da língua inglesa identificável na composição das listas de revistas-fonte para a elaboração do indexador, edição 2017. As listas não apenas colocam o inglês como dominante, como fazem EUA e Inglaterra ocuparem sozinhos 59,82% das publicações em inglês, o que contesta o potencial de quebrar barreiras linguísticas por vezes atribuído ao inglês. Uma breve comparação com um indexador de outra natureza, DOAJ, de revistas em livre acesso, mostram proporções muito diferentes, menos concentradas, e urgem o uso de informações de ordem sociológica para explicar dados quantitativos, como a pobre participação dos EUA em língua inglesa na base DOAJ.
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