A METÁFORA CONCEPTUAL RAZÃO É VOZ NA INSTANCIAÇÃO DE CONSTRUÇÕES INTERRUPTIVO-ARGUMENTATIVAS

Flávia Saboya da Luz Rosa

Resumo


Em estudos recentes, atentamos para a correspondência semântica entre muitas expressões convencionalizadas no português brasileiro, tais como “quem cala consente”, “morder a língua”, “calar a boca de alguém”, “ficar sem palavras”, “não ter o que dizer”, “deixar alguém de boca aberta”, entre outras. Percebendo que estas poderiam apontar para uma relação - compartilhada socialmente - entre a aptidão de avaliar algo com bom senso e o ato de manifestar-se oralmente, propusemo-nos a investigar uma possível representação sociocognitiva que licencie esse padrão observado na língua em uso. Neste trabalho, portanto, pretendemos apresentar a hipótese de que há uma metáfora conceptual (LAKOFF; JOHNSON, 1980, 2002), por nós definida, até o momento, como RAZÃO É VOZ, que não só motiva a criação e a convencionalização de expressões conforme as supracitadas como também possibilita realizações não linguísticas a ela vinculadas, de acordo com os postulados de Kövecses (2006). Propomos, ainda, que a figura de pensamento mencionada licencie ou favoreça o uso de construções interruptivo-argumentativas - objeto central da pesquisa de doutorado -, formadas por sintagmas verbais (SV), nominais (SN), interjetivos (SI), entre outros, seguidos de pronome locativo (Loc). Essas construções, nos termos de Traugott e Trousdale (2013), exercem função pragmática de marcador discursivo, de modo que o falante interrompe o turno de seu interlocutor para introduzir um argumento que, em geral, considera mais correto ou mais verdadeiro que o dele. Por essa razão, admitimos, também, que a metáfora RAZÃO É VOZ possa exercer o papel de uma espécie de motivação conceptual para as escolhas lexicais na formação das construções interruptivo-argumentativas, como espera aí/lá; escuta aqui; desculpa aí/lá; calma aí/lá e alto lá. A partir desse entendimento, apresentamos, neste trabalho em especial, um olhar voltado para a fundamentação teórica e análise de dados de cunho cognitivo-funcional.

PALAVRAS-CHAVE: metáfora conceptual; construção; marcador discursivo.


Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.