REPRESENTAÇÕES FEMININAS NO ROMANCE BRASILEIRO LUCÍOLA (1862) E NA TELENOVELA MEXICANA RUBÍ (2004).

Resumo

Neste trabalho, buscaremos analisar perfis de mulheres apresentados em locais, épocas e suportes diferentes: o romance brasileiro de José de Alencar, do século XIX, e a telenovela mexicana produzida pela empresa Televisa, no início do século XXI, nos quais o tema do feminino está fortemente presente. Ambos trazem como protagonistas mulheres, com as quais seu público principal, o feminino, muitas vezes se identifica. Assim, a relação entre os romances e as telenovelas, que a princípio pode parecer inusitada, vai se desenhando através das temáticas abordadas e do público que as consome.

Nos romances de Alencar, temáticas como o casamento, as convenções sociais e a conduta feminina aceita serão abordadas com intensidade, além do amor, relacionado à mulher e visto como o grande motor das ações e o único meio de redenção. Ainda vemos em várias telenovelas protagonistas com as mesmas características femininas consideradas desejáveis: altruístas e sacrificadas pelo bem do homem que amam ou pelos seus filhos.

Na telenovela Rubí (2004), a personagem rompe os maniqueísmos tão comuns em telenovelas: é protagonista e vilã. Em muitos momentos, Rubí se comporta como uma femme fatale, uma ameaça aos homens, de acordo com a definição de Bornay (1995), perfil de mulher frequente entre as vilãs de melodramas, enquanto em outros, assim como a grande maioria das protagonistas de telenovelas mexicanas, apresenta muitas das características e valores morais já presentes nos romances de Alencar: o casamento como grande objetivo na busca pela felicidade e a estima à pureza sexual.

Para analisarmos as personagens femininas das duas obras, utilizaremos também observações elaboradas por Beauvoir (1949), nas quais a autora demonstra que comumente faz-se uma relação entre a mulher e pecado ou maldade e apresenta alguns perfis femininos; e Paz (1950), que discute a questão da passividade, da traição e da impureza na mulher mexicana.