A FAMÍLIA MAU-TEMPO NO CONTEXTO DA VIOLÊNCIA DITATORIAL SALAZARISTA
Resumo
Este trabalho, parte de um projeto maior que tem como objeto de estudo romances saramaguianos que realizam uma releitura crítica do Estado Novo português, busca analisar as relações familiares em Levantado do Chão, de José Saramago. Através de uma base transdisciplinar, que relaciona literatura, história e memória, busca-se apresentar uma visão do contexto familiar apresentado na obra e como o salazarismo e a violência ditatorial, tanto a violência física quanto a violência subjetiva, permeiam e acometem essas relações. Questiona-se então o ideal de família portuguesa idealizada por Salazar e evidencia-se como a violência do latifundiário e do discurso autoritário são recursos que ferem a integridade da família Mau-Tempo, indo de encontro com o imaginário salazarista de “doce convívio familiar” que era concebido pelo pensamento tradicionalista e conservador. Para isto, será utilizado como material base para compor um panorama e realizar a análise do imaginário salazarista, além do texto literário, os discursos proferidos publicamente por Salazar, nos quais percebe-se com clareza a forma como deseja-se moldar as dinâmicas familiares e os papéis sociais dos indivíduos que compõem a família. Será também explorado a forma como os papéis sociais atribuídos com base no gênero afetam as relações familiares no momento que, em um contexto de violência, é inevitável que o indivíduo os quebre para garantir a sobrevivência.
Texto completo:
PDFReferências
CADAVEZ, Maria Cândida. A Bem da Nação: As Representações Turísticas no Estado Novo entre 1933 e 1940. Tese de doutoramento, Estudos de Literatura e de Cultura (Ciências da Cultura), Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2013. Disponível em: . Acesso em 30/06/2018.
CLAUDIO, Ivan. O poder segundo Salazar. Revista ISTOÉ, nº2157 de 16/03/2011. Disponível em: . Acesso em: 01/07/2018.
GOLDMAN, Wendy. Mulher, Estado e revolução: política familiar e vida social soviéticas, 1917-1936. 1ª edição. São Paulo: Boitempo, Iskra Edições, 2014.
MARTINS, Moisés de Lemos. Uma solidão necessária à ordem salazarista: a família como terapêutica nacional. Cadernos de Ciências Sociais, 1986, pp. 77-83. Repositorium da Universidade do Minho. Disponível em . Acesso em: 30/06/2017.
REMÉDIO, Maria Margarida Rodrigues. A lição de Salazar e a iconografia do Estado Novo: contributo para a História da Educação em Portugal (1933-1939). Tese de mestrado, Didáctica da História, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2013. Disponível em: . Acesso em: 01/07/2018.
ROSAS, Fernando. O salazarismo e o homem novo: ensaio sobre o Estado Novo e a questão do totalitarismo. Análise Social, vol. XXXV (157), 2001, pp. 1031-1054. Disponível em: . Acesso em: 02/07/2018.
SALAZAR, Antônio de Oliveira. Discursos I: (1928-1934). 5ª edição. Coimbra: Coimbra Ed., 1961. Disponível em: . Acesso em: 26/06/2018.
SARAMAGO, José. Levantado do chão. 1ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
SILVA, Teresa Cristina Cerdeira da. José Saramago entre a história e a ficção: uma saga de portugueses. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1989.
Apontamentos
- Não há apontamentos.