O BARDO PORNOGRAPHICO: POESIA E PORNOGRAFIA EM GLAUCO MATTOSO

Baruc Carvalho Martins

Resumo


Propomo-nos com este artigo investigar as relações entre poesia e pornografia na obra O poeta pornosiano (2011), de Glauco Mattoso, a partir de uma perspectiva ético-estético-política, operada pela pós-pornografia. Com isso, o interesse da relação entre poesia e pornografia residirá, sobretudo, na articulação entre corpo, desejo e palavra de modo a compor uma nova organização sensível que possibilite uma abertura para pensar as tecnologias sociais que produzem a diferença sexual. O intuito da análise, assim, procura deslocar a pornografia da investigação meramente temática – ainda que ela compareça decisivamente –, para atingir diretamente o seu plano estético, dando vazão a sexualidades e estéticas alternativas, lastreadas na potência da vida. Dessa forma, os poemas serão revisitados, trazendo a lume o próprio método dialético de Glauco para pensar como a estética pornosiana também aponta para o presente – movimento decisivo que nos fará aproximar a antologia das discussões sobre a teoria queer e do lugar mobilizado pelo corpo em estratégias estéticas novas postas em jogo na contemporaneidade. Não se trata, por isso, de adotar uma perspectiva que rejeite o conteúdo e a história nem que somente perceba os aspectos formais, mas que tome a análise a partir da própria enunciação que o poema exprime e coloca em jogo.

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Referências


Livros:

BUTTERMAN, Steven F. Perversions on Parade: Brazilian Literature of Transgression and Postmodern Anti-Aesthetics in Glauco Mattoso. San Diego: San Diego University Press, Hyperbole Books, 2005.

DELEUZE, Gilles. Sade | Masoch. Lisboa: Assírio & Alvim, 1973.

ECO, Umberto. Pós-escrito a O nome da Rosa. Trad. Letizia Zini Antunes e Álvaro Lorencini. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

MATTOSO, Glauco. O poeta pornosiano. São Paulo: Annablume, 2011.

MISKOLCI, Richard. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. 2ª ed. revisada e ampliada. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.

PRECIADO, Beatriz. Manifesto contrassexual. São Paulo: n-1 edições, 2014.

Capítulos de livro:

FOUCAULT, Michel. “Aula de 19 de março de 1975”. In: FOUCAULT, Michel. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2001, pp. 371-405.

FRAPPIER-MAZUR, Lucienne. “Verdade e Palavra Obscena na Pornografia Francesa do Século XVIII”. In: HUNT, Lynn (org.). A Invenção da Pornografia: Obscenidade e as Origens da Modernidade. Tradução de Carlos Szlak. 1ª ed. São Paulo: Hedra, 1999.

MATTOSO, Glauco. “O anjo de botas carcomidas – Uma entrevista com Glauco Mattoso”. In: MATTOSO, Glauco. Pegadas noturnas (dissonetos barrockistas). Rio de Janeiro: Lamparina, 2004, pp. 193-202.

Partes de publicações periódicas

1. Artigos de periódico:

OLIVEIRA, Thiago Ranniery Moreira de. “Hardcore para um sonho: poética e política das performances pós-pornôs”. Repertório: Teatro & Dança (Online), v. 20, pp. 235-252, 2013.


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