A ENTREVISTA COMO GÊNERO DISCURSIVO CONSTRUTOR DE CRÍTICA AO SALAZARISMO NO ROMANCE OS MEMORÁVEIS, DE LÍDIA JORGE

Karina Frez Cursino

Resumo


O projeto tem como objetivo analisar o conjunto de entrevistas ficcionais presente no romance Os Memoráveis (2014), de Lídia Jorge, com o intuito de verificar e demonstrar como esse gênero discursivo tem papel fundamental na construção da crítica que a obra se propõe a fazer ao período político marcado pelo autoritarismo em Portugal, liderado por António de Oliveira Salazar. A reflexão sobre o gênero em questão partirá das teorias de Mikhail Bakhtin e outros teóricos da linguagem, buscando mostrar a relação direta do uso da entrevista como um instrumento de coleta de informações e consequente reconstituição da História a partir do testemunho dos que dela participaram, levando em consideração o conceito de dialogismo bakhtiniano. Para situar o período histórico-político ao qual o livro direciona sua crítica será utilizada bibliografia específica que verse sobre o Estado Novo e a Revolução dos Cravos a fim de traçar um panorama que permita ilustrar o momento em que os personagens entrevistados no livro viveram e fazem referência durante suas falas, permitindo ainda uma possível abertura reflexiva sobre o período pós-25 de abril. A pesquisa se propõe, futuramente, a tentar buscar outras obras da autora que também utilizem o recurso da entrevista ou instrumento de comunicação similar para restituir fatos históricos de maneira crítica e assim refletir sobre o Salazarismo em Portugal, visando estabelecer um diálogo dessas obras com o romance em questão.

PALAVRAS-CHAVE: Salazarismo, Revolução dos Cravos, Memória, Entrevista, Lídia Jorge.


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